Sociedade do consumo
- Amanda Azevedo
- 15 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de mar. de 2021
Vivemos numa sociedade do consumo, em “tempos hipermodernos”, onde nossos valores e ideais, encontram-se pautados em imagens ofertadas bem como nas infinitas propostas de consumo. E ao escolhermos algo, nossa escolha implica uma perda de todo o resto, sendo difícil bancar escolhas, e acarretando incertezas e insegurança com o que foi escolhido.
Nesse contexto encontram-se também os relacionamentos, o objeto da escolha amorosa sustentado pela ideia de sempre experimentar mais a fim de escolher o ideal, que garantirá a continuidade “eterna” do laço.
A felicidade, diferente do que é imposto, não é alcançável a partir da obtenção de um bem. Ela é reconhecida em momentos do cotidiano em meio a nossos problemas e angústias. Mas quando o casamento, é entendido nesse modelo como um bem a ser alcançado a fim de “formar uma família”, é quase como se atestasse um sucesso individual. A família obtém um sentido de conquista narcísica.
Além disso, há uma fantasia de certo amparo trazido pelo casamento/família como reconhecimento de quem somos, onde pertencemos, em meio a uma sociedade tão individualista.
Nesse sentido, é possível perceber em separações não só um sentimento de fracasso, mas um luto em torno não só da perda do objeto amoroso, mas de certa forma de um espelho através do qual nos reconhecíamos.
É claro que o trabalho de luto requer tempo até que seja possível desfazer a representação psíquica que temos daquela pessoa, que está inscrita em nossas fantasias.
Mas é importante observar que a sociedade tem sofrido mudanças drásticas o tempo todo, é uma “modernidade líquida”, e somos afetados por essas mudanças constantemente.
Como não ressignificar também os ideais de instituições como o casamento, reajustando nossos ideais para as normas atuais vigentes? Talvez com uma ressimbolização do que sejam os laços conjugais seja possível encarar ‘o fim’ como parte da contemporaneidade e não como fracasso e, os laços com pessoas amadas por tanto tempo, não precisem ser rompidos com o final de uma 'instituição', mas ressignificados. E apostar de novo é sempre uma possibilidade!
Imagem do filme: História de um casamento de Noah Baumbach.

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