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Sobre o tempo na psicanálise


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A persistência da memória - Salvador Dalí

Freud considerava importante dois acordos no início do tratamento: sobre o tempo e o dinheiro. Com relação ao tempo, separava 1 hora diária para cada paciente. O inconsciente, no entanto, desconhece os contrários, a negação e o tempo, ele é atemporal. O desejo não é modificado pelo tempo. O retorno do recalcado prova isso, por exemplo, sonhos com cenas infantis misturadas com o presente.

O inconsciente é proposto como hipótese justamente devido às lacunas da consciência. Freud acreditava que poderiam ser preenchidas, pois seu conteúdo se encontraria no inconsciente e caberia ao analista tornar possível seu acesso. Assim, para Freud, o inconsciente está lá.

Para Lacan isso se desenvolve de outra maneira, pois para ele, o inconsciente é um acontecimento que surge a partir da operação analítica no tempo da sessão. O desenvolvimento do tratamento é feito em sessões e em cada uma, tem-se a manobra de precipitar o inconsciente.

Ele recorre ao sofisma dos três prisioneiros para exemplificar o sentido filosófico da temporalidade. São sujeitos diante de um problema, e a solução implica o tempo. Com a passagem deste, o problema se modifica. Aqui, é possível perceber três perspectivas: o tempo de ver, de compreender e de concluir.

O inconsciente lacaniano é um lapso, o tempo que lhe concerne, é o lógico. Assim, cada sessão irá se deslocar logicamente até uma conclusão, que se faz em um lapso, pelo corte do analista, pela pressa, urgência em concluir. É ai que o inconsciente se precipita. Ao analista, interessa mais a suspensão da sessão, que sua duração. A transferência trata-se de uma produção de saber a partir do trabalho analítico. O que se diz, ganha outro sentido, quando em análise.


 
 
 

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