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Breve recorte da história da psicanálise

O inconsciente não foi descoberto por Freud, mas formalizado por ele. Freud se formou em Medicina e foi para Paris para estudar com Charcot. Ao se questionar sobre a causalidade psíquica da histeria, visto que não era orgânica, acredita que o trauma seria a causa e, assim, apostou que o modo de se chegar a ele fosse pela hipnose. Deste modo, retorna para Viena e encontra Breuer, com quem começa a trabalhar com a técnica da hipnose.

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Charcot demonstrando a hipnose em uma paciente “histérica” de Salpêtrière


Freud começa a ver alguns limites naquela prática e decide abandoná-la. É nesse ponto que passa a desenvolver o método da associação livre - falar livremente, sem planejamentos ou julgamentos que pudessem brecar certos pensamentos.

É possível observar, nas cartas enviadas a Fliess, como Freud descreve esse momento como anos de profunda solidão, visto que algumas questões levantadas por ele, como a satisfação do sujeito com o sintoma ou teorias da sexualidade, não são aceitas pela sociedade da época. Dizia que o que o fazia persistir era o reconhecimento não do meio médico, mas sim, de seus pacientes.

Até 1902, Freud era o único interessado e praticante da psicanálise. A partir de 1902, tem-se o segundo tempo de sua obra, o qual ele chamará de “a expansão da psicanálise” e, outras pessoas começam a se interessar pela psicanálise. É formado aí o círculo de Viena, que são os primeiros psicanalistas além de Freud, conhecidos como freudianos, pois se formaram diretamente com ele. É em torno desses psicanalistas que se constitui o campo freudiano.


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A partir de 1910, conhecido como o terceiro tempo da teoria, iniciam-se as primeiras rupturas. Freud escreve o texto “A história do movimento psicanalítico” para dizer o que é a psicanálise. Ele está preocupado com o que seria da psicanálise após ele e cria a IPA (Associação Psicanalítica Internacional), para que a psicanálise pudesse ter um espaço para sobreviver.

Quando falece, em 1939, a instituição já funcionava como um polo de difusão da psicanálise. A IPA estava sob direção dos representantes do que, dentro da psicanálise, ficou conhecido como a psicologia do ego. Lacan estava iniciando na psicanálise quando Freud sai da Áustria e vai para a Inglaterra, assim, nunca chegou a conhecer Freud pessoalmente. Ele começa a questionar algumas imposições da IPA, mostrando que estavam se esquecendo do inconsciente e propondo um retorno a Freud.

As imposições eram várias, desde só ser permitido a análise com os analistas didatas, como tempo determinado de sessão. Em decorrência dos questionamentos contrários à orientação da psicanálise dentro da IPA, Lacan acaba sendo “expulso” da associação, evento o qual ele nomeia como excomunhão, após 10 anos de estudos, tendo realizado 10 seminários dentro da IPA. A partir disso, cria a Escola de Psicanálise de Paris, em 1964, e o décimo primeiro seminário, “Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise”, é dado fora da IPA.

Ele continua seus seminários até 1980, trabalhando diversos conceitos psicanalíticos, inclusos no estudo teórico fundamental à formação do analista (além das outras duas bases do tripé: análise pessoal e supervisão de casos clínicos).


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Este foi um breve relato sobre a história da psicanálise, mas gostaria de trazer em um próximo post outra visão sobre essa história, a partir da leitura do livro "Uma história da psicanálise popular", no qual o autor Florent Gabarron-Garcia irá apresentar o modo como a psicanálise adentra a sociedade a partir de outro viés.

 
 
 

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